22/08/2023 14:42 | Cultura

Fundação Palmares quer tornar Serra da Barriga patrimônio da humanidade

Proposta foi discutida em União durante as comemorações pelos 35 anos da entidade


Apresentação durante as celebrações dos 35 anos da Fundação Palmares

Marco Antônio / Agência Alagoas


Fábia Assumpção / Agência Alagoas

O tombamento internacional da Serra da Barriga, em União dos Palmares, para transformá-la em  Patrimônio da Humanidade pela Unesco, foi discutido na manhã desta terça-feira (22), durante encontro entre o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Santos Rodrigues, e o prefeito de União dos Palmares, Areski Freitas. A visita à União e a subida à Serra da Barriga, berço do Quilombo dos Palmares, fez parte das comemorações pelos 35 anos de criação da Fundação.


De acordo com o João Jorge, a ideia é levar à Unesco até  novembro deste ano a proposta de transformação da Serra da Barriga em Patrimônio da Humanidade, e para isso será preciso fazer uma campanha para mobilizar as entidades do movimento de negro em Alagoas. "Precisaremos do apoio do município, dos governos Federal e Estadual para realizar uma série de ações e preparar um plano para 2024, 2025 e 2026 para atingir esse objetivo", afirmou. Ele explicou que uma segunda etapa será realizar uma série de investimentos no entorno de União dos Palmares para estruturar a cidade para receber turistas o ano inteiro.


O prefeito Areski Freitas destacou que a presença em União dos Palmares do presidente da Fundação Palmares no dia em que a entidade comemora 35 anos era emblemático. "Essa visita veio para estreitar os laços do Ministério da Cultura e da Fundação Cultural Palmares com a histórica cidade de Zumbi dos Palmares, que foi berço do maior movimento libertário do país, o Quilombo dos Palmares", enfatizou o prefeito.


Segundo ele, o município tem projetos para dar ainda mais estrutura a Serra da Barriga, como construção de um museu e um teatro que possa ser palco de atividades o ano inteiro, não apenas no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A Serra da Barriga é bem tombado pelo Iphan desde 1986, monumento nacional desde 1988 e Patrimônio do Mercosul desde 2017. O local é considerado sagrado e de grande representatividade para o povo negro, onde foi criado o maior foco de resistência escrava do Brasil, o Quilombo dos Palmares. Aniversário

 

A Fundação Cultural comemorou nesta terça-feira, 22  de agosto, 35 anos de existência. A solenidade realizada no alto da Serra da Barriga foi uma forma simbólica de homenagear a memória de Zumbi dos Palmares e Dandara, conhecida como Rainha dos Palmares.


O presidente da Fundação, João Jorge Santos Rodrigues, pontuou que a entidade nasceu da experiência dos povos quilombolas, que hoje estão não  só nas zonas rurais, mas nas áreas urbanas das cidades. "A Fundação Palmares escolheu voltar a Serra da Barriga, berço do nascedouro dos povos quilombolas e do primeiro herói negro do Brasil", afirmou João Jorge.


“Palmares é um ponto de resistência jamais igualado nas Américas. A ideia é trabalhar com o governador e os demais responsáveis pelo o Estado para criar um novo momento para o Dia da Consciência Negra. A importância da Serra da Barriga é assunto internacional, conhecida em alguns lugares da África como um santuário. Queremos embaixadores de todo o mundo reconhecendo esse espaço”, disse.


A Fundação Cultural Palmares, criada em 22 de agosto de 1988, pela Lei nº 7.668, é a primeira instituição pública voltada para a preservação e a promoção dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Ela atua em três eixos fundamentais para promover a inclusão da população afro-brasileira no rol de diretos previsto pela Constituição: o social, o cultural, e o de gestão da informação.


Figura, ainda, como referência na promoção, fomento e preservação das manifestações culturais negras e no apoio e difusão à implementação do Art. 26 A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que torna obrigatório o ensino das Histórias da África.