21/07/2021 15:13 | Saúde

Unidade de AVC do HGE completa seis anos com cerca de 1.800 atendimentos realizados

Área do Hospital Geral do Estado conta com equipe multidisciplinar qualificada e dez leitos equipados com tecnologia de ponta


Thallysson Alves


Neide Brandão

Aos 28 anos, Rosival Vitorino da Silva foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 30 de junho. Jardineiro, ele se preparava para ir ao trabalho, quando repentinamente caiu. Sem os movimentos do lado esquerdo, não conseguiu se levantar e foi auxiliado por familiares até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tabuleiro do Martins e, em seguida, encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde se recupera na Unidade de AVC, única referência em Alagoas para o tratamento da doença popularmente conhecida como derrame e que, nos últimos seis anos, completados nesta quarta-feira (21), já atendeu 1.783 pacientes.

Com uma proposta de cuidado multiprofissional para o tratamento emergencial do Acidente Vascular Cerebral, a Unidade de AVC do HGE conta equipe multidisciplinar qualificada e dez leitos equipados com tecnologia de ponta. Com isso, garante tratamento ágil do paciente, com protocolos específicos e o que há de mais moderno para a assistência hospitalar na área. 

Do total de pessoas assistidas pelo serviço, a maioria é do sexo masculino, o que corresponde a 1.016 homens. Dados do Núcleo de Estatística do HGE comprovam que a doença atinge mais os idosos, uma vez que 1.089 dos atendidos tinham mais de 60 anos de idade. 



Recuperação –
Em processo de recuperação, Rosival passa por sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos perdidos, em razão da hemorragia que sofreu. “Sou muito grato. Estou novo”, afirmou o jardineiro, enquanto realizava os exercícios de reabilitação na Unidade de AVC do HGE, acompanhado pela fisioterapeuta Graziela Martins.

A médica, Simone Silveira, neurologista e responsável pela Unidade, explicou que Rosival chegou a passar por uma trombectomia, tratamento endovascular que consiste na retirada do coágulo por meio de cateter dentro da artéria obstruída. “Ele fez duas tomografias no HGE e uma angiotomografia. Agora estamos investigando o motivo do AVC. Rosival não é diabético, nem hipertenso, não é sedentário, não fuma e não bebe, entretanto, a família tem histórico de casos da doença”, explicou a especialista. “É uma doença que pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, como foi o caso do Rosival, que teve ainda jovem; entretanto predomina nas pessoas com idade mais avançada e, é nelas, que podem desencadear mais sequelas”, ressaltou a médica neurologista.

De acordo com Simone Silveira, o Acidente Vascular Cerebral é considerado a principal doença relacionada com incapacidades. “Aproximadamente 10% dos pacientes morrem no primeiro mês, após o evento. Cerca de outros 40% morrem no primeiro ano após o AVC. Nossa unidade foi cuidadosamente planejada para agilizar a assistência, visando evitar ou minimizar possíveis sequelas da doença”, salientou.

Orientação – No caso de ocorrência, a orientação dos especialistas é que, identificados os primeiros sinais e sintomas, a pessoa seja encaminhada para o HGE o mais rápido possível, uma vez que a unidade utiliza o trombolítico, que é um fármaco indicado para dissolver o trombo que obstrui a artéria, normalizando o fluxo sanguíneo, antes de este causar lesão cerebral irreversível. “Se a medicação for ministrada dentro das 4h30 após o início dos sintomas, as chances de evitar as sequelas aumentam em 30%. Fechada a janela terapêutica, o trombolítico tem seus benefícios reduzidos e os riscos elevados”, alertou Simone Silveira, lembrando que a indicação do tratamento com trombolítico é apenas para o AVC isquêmico, o qual corresponde a cerca de 85% dos AVCs.

O Acidente Vascular Cerebral é a doença neurológica mais temida e sua principal arma é a prevenção. Controlar a pressão arterial, o diabetes, colesterol, evitar o tabagismo e o sedentarismo são algumas das recomendações. Para as mulheres, as orientações se estendem ao uso de anticoncepcionais e reposição hormonal depois da menopausa. Ambos têm sido relacionados a um aumento de risco para doenças cardiovasculares em geral, incluindo o AVC.