09/08/2021 00:00 | Saúde

Programa AVC Dá Sinais realiza primeira trombectomia mecância em paciente alagoana

Procedimento foi realizado na Santa Casa de Maceió e, posteriormente, passará a ser feito no Hospital Metropolitano


Ivo Neto


Suely Melo

Criado para identificar e tratar adequadamente os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, o programa “AVC Dá Sinais” realizou o primeiro procedimento de trombectomia mecânica pela rede SUS do país em uma paciente alagoana.

A doença cerebrovascular, que é uma das que mais mata e causa incapacidade no mundo, é caracterizada por uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral, que compromete a circulação de sangue em alguma região do cérebro. A trombectomia mecânica faz a retirada do coágulo que está obstruindo o vaso, através de uma punção feita na veia femoral com o uso de um cateter.

De acordo com o médico e coordenador do  “AVC Dá Sinais”, Matheus Pires, a paciente que passou pelo procedimento tem 53 anos e é hipertensa. Ela procurou o Hospital Geral do Estado (HGE) com menos de duas horas após sentir os sintomas do derrame. Lá, ela foi avaliada e rapidamente passou por uma tomografia, que indicou a realização de uma trombólise de urgência.

Primeiro foi feita a trombólise venosa [injeção de uma medicação para a dissolução do coágulo], que é realizada até quatro horas e meia do início dos sintomas, mas, como o caso da paciente era bastante grave, ela não foi eficaz. Por isso, a paciente foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa de Misericórdia de Maceió para a realização da trombectomia mecânica, que foi executada pelos neurocirurgiões Rodrigo Peres e Cícero Pacheco.

“Para a paciente, a trombólise não foi eficaz. Somente 30% dos pacientes com trombo proximal, que é o que ela tinha, conseguem ter um benefício da trombólise. Aí é que entra a trombectomia mecânica, que é um procedimento endovascular, que precisa de uma sala de hemodinâmica, da utilização de cateterismo cerebral, que tem como objetivo fazer a retirada mecânica daquele coágulo. Então, por retirada ou sucção ou com alguns dispositivos, ele vai conseguir retirar mecanicamente aquele coágulo”, explica Matheus Pires.

Após a realização do procedimento, a paciente voltou para o HGE, onde segue sendo acompanhada pelos profissionais de saúde. Dentro de alguns meses, a trombectomia mecânica começará a ser feita no Hospital Metropolitano (HM).

“O procedimento tem um custo altíssimo. O programa terá a trombectomia no Hospital Metropolitano, que vai ter uma hemodinâmica com tecnologia suficiente. Só que nesse intervalo, para não perdermos a possibilidade de tratamento, os procedimentos vão ser feitos por vias de pactuação com a Santa Casa, mas, posteriormente, todos serão feitos no Metropolitano”, salienta Matheus Pires.

A trombectomia mecânica é indicada desde 2015, mas somente em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde (MS) publicou uma portaria a incorporando como tratamento inteiramente pago e disponibilizado pelo Serviço Único de Saúde (SUS).

“AVC Dá Sinais” – O programa, que teve início no dia 23 de agosto, já atendeu 23 casos, realizou quatro trombólises e uma trombectomia. Antes, Alagoas contava apenas com uma unidade de AVC, que funciona no Hospital Geral do Estado (HGE). Agora, também serão porta de entrada para doença, o Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), o Hospital Regional da Mata (HRM), o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), além de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).